domingo, 12 de maio de 2013

OS CENTO E OITENTA ACESSOS E O AGENTE DOIDÃO

Hoje pela manhã recebi um telefonema do Leônidas, meu sobrinho e parceiro de blog, que veio com uma informação interessante:  dos cento e oitenta acessos que tivemos ontem, cento e quarenta foram dos Estados Unidos. Recebemos diariamente de quatro dezenas a cento e quarenta visitas por dia, mas a maioria absoluta delas vem de Brasil. Ontem foi um recorde.  Fiquei alegre e triste,  porque achei que por algum motivo parecemos mais interessantes a quem está nos Estados Unidos do que a quem vive aqui no Brasil.  Expressei isto a ele, que levantou uma hipótese: 
- E se alguém lá está nos investigando? Porque você ontem publicou que o capitalismo é perverso. Sabe que tem alguns caras que são paranoicos, não é?
- O que fiz de mais relevante que isso - respondi - foi divulgar que o Kennedy foi o mentor do golpe militar de 1964 e anexar ao "post" parte da edição do JB de 1988 com  a matéria, para dizer que o Brasil nunca teve motivos pra chorar o estadista morto.  Mas ainda assim não houve nos dias da minha postagem nenhum reflexo no sentido de muitos visitas dos Estados Unidos.
- Pois é - ele me disse - Tenho projetos de ir até lá. Só vou tirar as dúvidas se eles me negarem o visto, mas me parece meio estranho...
A partir daí ficamos a discutir o assunto.  Leônidas contou que  a Cia. já havia alertado sobre a possibilidade do último atentado na maratona e que já vinha investigando os suspeitos.  Admitimos também que os acessos poderiam ser de algum bairro ou colônia de brasileiros nos Estados Unidos, ou que algum americano ou brasileiro tenha saído compartilhando alguma nossa matéria que possa ter interessado a um número considerável (no nosso caso) de pessoas.  Mas não descartamos a possibilidade de algum investigador obsessivo ter cismado com a gente.  Talvez algum recente agente da Cia. (intriga internacional, que status!), carreirista, doido o obsessivo em suas ideias, tenha incutido coisa parecida na cabeça e dito aos seus pares:
- Quero ser um estrume gigante se esses caras não são um terroristas!  Olha só a cara de muçulmano que o mais velho tem tem:  é árabe na certa.  Vamos ver se tem alguma foto dele nu, pra ver se é circuncidado.
-  Mas, Petter - alguém refuta  -, circuncisão é coisa de judeu, não árabe.
- Ah, é! - o cara concorda, mas continua: - Ora, Joe, mas o que há com você?  Não vê que esses filhos-da -mãe são talibãs?  O que você quer afinal? Vai esperar que eles explodam a Casa Branca para acreditar.
Fico lembrando: nunca fomos bons com explosivos. Só me lembro de ter visto o Leônidas na infância brincando com estalinho: nada mais radical.  Quando eu tinha uns onze anos, meus colegas brincavam de acender bombinhas de são João e  abafar a explosão com o pés calçados de sapatos.  Fui fazer o mesmo e, com usava um par de congas, pegou fogo na sola do tênis. Fiquei muito assustado, mas consegui apagar sem me ferir.  Então de que modo poderia ser nocivo aos Estados Unidos?   Através das mensagens?  Ué? Mas se somos tão avessos a guerras e atos de violência, carnificinas, corpos ensaguentados nas ruas, como poderíamos fazer apologia deste tipo de coisas?  Do mesmo modo, nunca escrevemos uma palavra incitando quem quer fosse a qualquer prática truculenta.  Quereríamos então infundir um pensamento socialista no Brasil e no mundo?  Mas com que público para isto? Além do mais, reconhecemos que o socialismo não é mais que uma utopia, devaneio perdido no passado de muito sonhador. Mais ainda: se o próprios petistas, agarrados ao poder com a sofreguidão de amantes fogosos, não acreditam e jamais acreditaram em socialismo, porque nós seríamos tolos o bastante para acreditar?  Então lutaríamos pelo que não existe: mais produtivo participar do fã-clube do Batman.
Mas vamos voltar ao obcecado.  Imagine se ele ficou clicando direto o blog, toda hora, o tempo inteiro, clica daqui e clica dali, e amanhã vamos em busca de um anunciante, e este procura, verifica lá, verifica acolá, depois nos diz:
- Vocês são uns grandes pilantras. Têm parentes nos Estados Unidos e mandam eles passarem os dias clicando e visitando o seu blog. Seis mil acesso só de três computadores da rede? Fora daqui!
Enquanto isto o histérico estaria clicando, checando a cara e a bunda do blog, sonhando com chefia, direção, medalhas, promoção, fama, nome na história, essas coisas.
A hipótese se conformaria se nos acontecesse alguma coisa de ruim ou nossas vidas se transformassem num verdadeiro inferno.  Do contrário acho que temos mais é de comemorar os cento e oitenta acessos de ontem, ao mesmo tempo em que lamentamos porque a parcela maior destes  não veio da nossa terra.
  
Barão da Mata

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