sexta-feira, 24 de maio de 2013

DEBATE SOBRE A COMISSÃO DA VERDADE



No domingo, 19/05, a Globo News transmitiu um debate, conduzido por William Waach, acerca da Comissão da Verdade e do  alcance que o poder dos  membros do grupo teria.  Houve unanimidade sobre que não possuíam
 meios de promover punições - por haver decorrido um tempo demasiadamente grande entre a chamada redemocratização   e os dias de hoje,  e tentar prisões agora provocaria reações e sérios conflitos -,  mas tão somente de identificar quem foram os cruéis torturadores nos anos de chumbo, com o intento de evitar (ou tentar evitar) que futuramente cenários como naquele se repitam, porque, como é incansavelmente repetido, o passado esquecido tende a se repetir.  O programa contou com a participação de dois cientistas políticos e um historiador, que se imbuíam do papel de fazer uma análise da atuação dos homens e órgãos encarregados de exercer a repressão nos tempos ditatoriais.  Abordou-se a questão da tortura e dos abusos do poder naquela época e  envolvimento  das polícias civis e instituições como o DOPS, além da participação fundamental do delegado Sérgio Paranhos Fleury.  Impressionou-me a maneira como Waack conduziu a reunião, não porque este tenha sido autoritário ou se tenha apossado da palavra, mas pelo conhecimento histórico que este tem  e pela cabeça luminosa que o jornalista é.  Fez perguntas sempre pertinentes, foi de uma objetividade bastante oportuna e, sempre que interveio, foi para que a pauta não perdesse o rumo, mantendo a conversa sempre no  caminho desejado.  Waack é extremamente diferente de sua colega de emissora, Cristiana Lobo, que em suas aparições e observações me parece unicamente empenhada em cobrar a fidelidade da famigerada base aliada da presidente Dilma (base esta cuja existência já é motivo de vergonha, pois política séria não admite base aliada, mas apresenta um Legislativo com o papel de discutir  os atos do Executivo e contê-lo em seus ímpetos de abusar do poder), como se fosse uma espécie de fiel escudeira da mandatária na mídia.

Voltando ao debate, todos os debatedores foram unânimes em dizer algo que parecia até então que somente eu sabia: os militares no Brasil, assim como em toda a América Latina, não tiveram papel além do de braço armado do poder econômico, porque os golpes militares acontecidos nos países latino-americanos tinham por objetivo preservar e defender os interesses dos grandes conglomerados financeiros, industriais  e comerciais na trajetória do continente americano.  Comentaram até da presença de altíssimos executivos nas reuniões e articulações ocorridas nos bastidores do regime.  Às vezes me parece que a Globo News não é parte integrante das Organizações Globo - como o “Globo Repórter” que causa a mesma impressão - porque um debate como aquele, com a condução de um apresentador brilhante como William Waach, deixa claro que há ainda admiráveis cabeças pensantes nos veículos de comunicação.

Barão da Mata

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