terça-feira, 5 de março de 2013

HERCULANO ÉBRIO E O BAR DO CHATO

Um dia desses parei num boteco com o Herculano Ébrio, e ele, especializado em tudo o que estabelecimento onde se beba, veio queixar-se de alguns bares que não dã nenhuma liberdade ao cliente (quando eu era mais novo, consumidor de bar era freguês):
-Puxa, em certos pares eu me sinto como num seminário.  Existem aqueles que parecem mais uma biblioteca... mais parecem um mosteiro, uma igreja católica...
- Você gosta de bar com gente falando alto, -retruquei - não  te deixando conversar...?
- Não, Barão, não é nada  disso... também odeio bar barulhento, onde a gente precisa gritar pra bater um papo...
- Então...?
- Mas é que às vezes a gente quer puxar um cigarrinho...
- Mas fumar em lugar fechado, Herculano, é desagradável - continuei a replicar, eu, fumante moderado (nem todo dia eu fumo) mas exagerado quando bebo - quando fumo no bar, faço-o do lado de fora...
- Pois é, irmão! Na varanda, na calçada  à mesa,  não é??
- Isso, Herculano!
- Mas o diabo é que tem bar que nem isso permite... tem bar onde você não pode  nada.  
- É?
Então nosso amigo, embriagado como sempre, língua sempre enrolando e com dificuldade de manter erguida a cabeça, começou a imaginar os avisos do bar do chato:
"Não permitimos entrar sem camisa ou com camisinha de má qualidade.
Não permitimos fumar ou entrar com cheiro de cigarro.
Não permitimos conversar sobre política ou futebol. Não vamos vedar conversa sobre religião, porque religioso que é religioso, não frequenta bar.
Não permitimos entrada de pessoas com cara de cachorro.
Não  permitimos paquera no recinto.
Não permitimos trazer comida de fora. sugerimos trazer sua esposa.
Não permitimos entrada de gente chata.
Não permitimos vestido curto ou decote.
Não permitimos reclamar do chope quente."
- A primeira coisa que eles tinham de proibir, Barão - reclamou ele - era a entrada de gente burra  e chata.
Levantei um dedo pra discordar, parei o gesto de repente, propus:
- Herculano, vamos pedir alguma coisa pra comer?

Barão da Mata


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