sábado, 8 de dezembro de 2012

VEJA POR QUE OS SENHORES DO CRIME ORGANIZADO NÃO SÃO MARGINAIS

Acessando o "Dicionário On Line de Sociologia", encontrei as seguintes definições para marginal:

"MARGINALIDADE. Tem diversas acepções. Para Stonequist, é a personalidade marginal: o homem marginal é aquele que, através da migração, educação, casamento ou alguma outra influencia, abandona um grupo social ou cultural sem realizar um ajustamento satisfatório em outro e encontra-se na margem de ambos sem pertencer a nenhum. Segundo os estudos da DESAL, ocorre a marginalidade cultural: estado em que uma categoria (veja CATEGORIAS) social se encontra sob a influência de outra categoria, mas devido a barreiras culturais se acha impedida de participar plena e legitimamente do grupo que a influencia (sociedade moderna e tradicional, maioria e minoria étnica etc.). Lewis considera que a marginalidade é sinónimo de cultura da pobreza: composta por um conjunto de normas, valores, conhecimentos, crenças e tecnologia que é organizado e utilizado por indivíduos de uma sociedade, a fim de permitir a sua adaptação ao meio em que vivem; características principais: ausência de participação efectiva e integração nas principais instituições; grande densidade populacional, condições precárias de habitação e um mínimo de organização; ausência da infância, iniciação precoce no sexo, abandono do lar, famílias centradas na mãe; sentimentos de desespero e de dependência. A CEPAL conceituou marginalidade ecológica: más condições habitacionais aliadas às más condições sanitárias, escassez de serviços urbanos, baixo nível de instrução, precários padrões alimentares, baixa qualificação profissional e instabilidade ocupacional. De acordo com Rosemblüth, existe a marginalidade política: grupos marginais são aqueles grupos de pessoas que tem certas limitações aos seus direitos reais de cidadania e pelas quais não podem participar de forma estável no processo económico, nem têm a possibilidade de alcançar mobilidade vertical ascendente. Finalmente, Quijano considera marginalidade como falta de integração: é um modo não básico de pertencer e de participar na estrutura geral da sociedade. Marginalidade é um problema inerente à estrutura de qualquer sociedade e varia em cada momento histórico."

Fiz a consulta porque há muito venho questionando que os nossos "ilustres" traficantes e membros do crime organizado - quer o tráfico de drogas, de crianças, de mulheres, de animais, de madeiras, de mão-de-obra escrava ou qualquer outro tipo de comércio ilegal ou de crime, como as formações milicianas ou organizações ligadas à venda de assassinatos e  outra atividades facinorosas - sejam marginais conforme a definição de José Jobson de Almeida Arruda em "História Antiga e Medieval", que assim classificava todas as camadas que se encontrassem fora da economia de mercado, como os desempregados e os que viviam à custa de biscates, os mendigos, os indigentes, etc...
Se você fizer uma análise acurada, irá verificar que os homens que vivem da atuação criminosa que se organiza estão longe, muitíssimo longe de estarem inseridos na definição dada por Arruda a quem esteja à margem da sociedade.  Muito pelo contrário, são homens perfeitamente integrados a esta, antes de tudo porque são pessoas por ela acolhidas até com um certo apreço.  Você acha que é mentira?  Então me responda: nas chamadas comunidades (eufemismo para qualificar as favelas - porque é melhor adotar um termo  suave do que resolver um problema social e urbanístico) e nos seus arredores, quantas pessoas agradam, protegem e até ajudam os traficantes?  Já ouvi muitas alusões a estes feitas por  moradores de cercanias de favelas em tom carregado de simpatia, como já conheci habitante  de morro que me relataram que até frequentavam as festas patrocinadas pelos meliantes, confessando até lhes ter admiração.
Falei na aceitação aos quadrilheiros  sem mencionar que alguns de tais residentes das citadas localidades eram compradores frequentes e contumazes dos produtos ofertados pelos bandidos.  E todo o mundo sabe perfeitamente que não só quem habita nos lugares que mencionei consome drogas: o número de consumidores de crack, cocaína, maconha e outras coisas do gênero é simplesmente fabuloso, incontável, incalculável! E é justamente isto que faz os traficantes totalmente fora da condição de marginais.  Contam com um mercado consumidor vastíssimo!  Seus artigos estão dentro das leis do mercado legal, como a de procura e oferta e todas as outras inerentes ao comércio e à economia.  Dão-se ao luxo de até gerar empregos, sem carteira assinada e dentro da criminalidade, mas empregos e muitos empregos, sim!
Já vi muita gente tida como boa tentando dar aos bandidos uma feição de verdadeiros guerrilheiros avessos ao sistema e ao capitalismo, mas a grande verdade é que a bandidagem sempre foi perfeitamente afinada com o sistema social e econômico cruel que sempre dominou nossas vidas.
Não vejo o que os coloque à margem da sociedade senão as estatísticas oficiais.  Mas que eles fazem parte  do processo econômico, fazem, e isto  é muito triste e degradante.  E a razão disto é o apoio que encontram em inúmeros homens investidos de autoridade oficial que se deixam corromper, na incomensurável demanda de seus artigos  e na preguiça e descaso de uma parcela inestimável dos encarregados da segurança pública, quer no Brasil como mesmo em vários outros países.  Do contrário, nenhuma atividade criminosa sobreviveria, seja aqui no república dos tupiniquins ou em qualquer outra parte do mundo.

2012
Barão da Mata  

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